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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Comércio de Pescados e Mariscos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo  de 12 quilos de pescado  por habitante/ano. 


O motorista Luizão comprando peixe fresco.
Se considerarmos que: o pescado tem feito parte do cardápio dos brasileiros nos grandes centros urbanos, o surgimento dos restaurastes self service, a oferta de pescado fresco nos supermercados, a culinária japonesa que tem aumentado o consumo do peixe cru e o crescimento do turismo nas regiões pesqueiras, não demorará muito para que alcancemos a recomendação da OMS.




A Região Nordeste é a Nº 1 do Brasil em Pesca Marinha. A Bahia é o 3º estado brasileiro. A Microrregião do BAIXO SUL é a 2ª maior produção pesqueira da Bahia. E, focando em nosso município, Taperoá é um dos quatro pólos pesqueiros do Baixo Sul (Valença, Camamu, Taperoá e Ituberá - EL PASO). 

Compondo a costa  brasileira de sete mil e quinhentos km de extensão, nosso Canal Salgado possui excelentes condições estuarinas  e riquíssima fauna bêntica. E isto nos faz um mercado  potencial de pescados e mariscos.
Ao fundo vista parcial do Canal Salgado, em Taperoá-BA.
A pesca artesanal é predominante e as comunidades pesqueiras locais atuam estritamente em ambiente estuarino, a saber: SEDE: bairros São Felipe, Orla e São Vicente e POVOADOS: Camurugi, Graciosa, Jacaré e Jordão.

Segundo estudo da Dra. Tatiana Walter, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro sobre a pesca artesanal no Baixo Sul, em 2010 Taperoá tinha 1.693 pescadores e marisqueiras formalizados.



Em relação à organização social no setor pesqueiro, o município possui a Colônia de Pescadores Z-53 e a Associação de Pescadores e Marisqueiras de Taperoá (APMT), entre outras. Mas possui também pescadores e marisqueiras informais.


Marisqueiras voltando do trabalho, em Taperoá-BA.
Taperoá possui as seguintes estruturas de comercialização de frutos do mar: mercado municipal (em reforma), feira livre e peixarias. Além de vendedor ambulante porta-a-porta, tanto residentes quanto "beiradeiros".
Alguns pescadores também praticam a pesca continental, saindo para alto mar em busca de seus produtos.

Taperoá em Destaque 
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(1) Tatiana Walter, 2010 - Pesca Artesanal no Baixo Sul,  p. 152, UFRRJ
(2) IDEM,  p. 153, UFRRJ

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Feira Nossa de Cada Dia

Quase todas as manhãs eles estão ali marcando presença e já se misturam com o cenário urbano. Mas estes homens e mulheres tão presentes no nosso dia-a-dia, e tão necessários para as nossas vidas, são desconhecidos de muitos de nós. Você saberia dizer, por exemplo, quem é Sérgio Passos da Hora?

Pois é, há 30 anos ele possibilita que o peixe fresquinho chegue à nossa mesa!





Sérgio ou Bamba, como é conhecido, é pescador, tem dois filhos e uma neta e mora no centro da cidade. É apaixonado pelo que faz e trabalha com alegria. Em dias normais ele chega a atender 100 pessoas por semana e a maioria é procedente da zona rural. Seu filho Augusto o ajuda, mas não pretende seguir a profissão do pai. 

Com o objetivo de conhecer um pouco sobre personagens tão reais de nossa cidade o Jornal Palavra de Vida decidiu visitar o Mercado Municipal e a Feira-Livre.
 


Construído em 1956, na gestão do Prefeito Leão Cerqueira de Oliveira e reformado em 1982 pelo Prefeito Dr. Antônio José da Silva, o nosso mercado, quase sessentão, abraça um povo bem alegre, comunicativo e simples.

 
Carne fresca e simpatia com Sr. Zé Cova


O procurado mingau da Fagna.




Entrevista

O Sr. César Coutinho Filho é fiscal de tributos da Prefeitura e nos concedeu uma entrevista.
 

Jornal  PV – Quantas pessoas estão cadastradas na Prefeitura?
Sr. César – Entre Mercado e Feira sessenta pessoas.
Jornal  PV – Como estão distribuídos os boxes no Mercado?
Sr. César – São dezoito boxes. Temos duas mercearias: a de Misael e a de Bartolomeu. Os demais boxes são de carne, peixe, farinha e bares.
Jornal  PV – Cerca de quantas pessoas o Mercado e a Feira atendem por semana?
Sr. César – Cerca de mil pessoas em tempos normais e até três mil em dias de festas municipais. Quando tem peixe o movimento aumenta.
Jornal  PV – Qual a procedência da clientela?
Sr. César – É equilibrada. Eu diria que tanto a zona rural quanto a cidade frequentam bem o Mercado.  Já na Feira, as barracas de frutas e verduras são mais frequentadas por pessoas da cidade enquanto as de roupas e utilidades por pessoas da zona rural.
Jornal  PV – Qual a procedência das mercadorias?
Sr. César – A carne é de Santo Antônio de Jesus, o peixe da região, a farinha e a verdura são da zona rural, na maioria das barracas.
Jornal  PV – Como é feita a limpeza no Mercado?
Sr. César – Ao final do expediente. A Prefeitura compra o material e os próprios feirantes fazem a limpeza.
Jornal  PV – O que precisa melhorar no Mercado?
Sr. César – O telhado e a refrigeração.
Jornal  PV – E na Feira?
Sr. César – As barracas precisam de padronização.



Circulando pelo Mercado podemos entender claramente aquele antigo  ditado: “Isto tá parecendo um mercado!” Com o barulho típico foi quase impossível manter um diálogo com os proprietários dos boxes, apesar da simpatia deles.

Esta é D. Sandra Regina vendendo seu peixe.

Aos 52 anos, D. Regina já tem seus 10 anos de experiência e serviço no Mercado. Moradora do Caminho do Mel, ela vende azeite de dendê, peixe seco e condimentos. Muito grata aos seus clientes, D. Regina atende por semana cerca de 200 pessoas. A grande maioria é da zona rural.


D. Maria Rosa é uma delas. Ela sempre vem de Caipora, no povoado do Lamego para comprar com D. Regina. Diz que seu produto é bom e tem bom preço.


Mercearia Bem Sortida

 
 
Casado e pai orgulhoso de um marinheiro e uma bióloga, Sr. Misael Magalhães trabalha no Mercado há 30 anos. Alegre pelo seu negócio, ele já é uma tradição para o povo da zona rural que é a clientela exclusiva da sua mercearia.  


Vai um Peixe Aí?

 

Peixe seco, peixe fresco. Não importa, o alimento é bastante procurado pela população taperoense. A qual não parece precisar de campanha para incentivar o seu consumo. Pois Sr. César(fiscal) nos informou que: “Quando tem peixe o movimento aumenta”.
Robalo, carapeba, vermelho, as águas de Taperoá são ricamente abençoadas por Deus.


Profª Marlúcia confirma sua preferência e compra peixe com frequência.


 Luizão (motorista) também valoriza nosso pescado, mas apela para que os preços diminuam mais.



 Vídeo amador interior do Mercado

Por ser uma obra muito antiga, feita aos moldes da época, pudemos verificar que a estrutura do Mercado não é a das mais apropriadas, tanto no sentido de distribuição dos boxes, iluminação, acomodação dos produtos e da higiene. E muitas pessoas deixam de comprar ali justamente por estas razões.

Perguntamos aos proprietários sobre as dificuldades que enfrentam no seu dia-a-dia de trabalho, a maioria concordou com o fiscal. A estrutura precisa urgentemente de reforma. Eles também desejam melhores condições de trabalho.

PS: Sobre o projeto de reforma da Prefeitura, ainda não temos maiores informações. 


Do Lado de Fora




 
 O Movimento na Feira

Eles chegam bem cedo para abastecer sua barraca.
Denival Barreto e Maurício Oliveira vêm de Santo Antônio de Jesus e já trabalham na Feira há 25 anos.

Denival começou na Feira por falta de opção, mas agora já gosta do trabalho que faz. Sua barraca atende média de 150 pessoas por semana nos dias normais. Sua clientela é tanto da zona rural quanto urbana.

A jovem Laura também trabalha na feira e ajuda a sua avó, D. Azinha, uma das mais antigas feirantes da cidade.


 A Preferência

Apesar de poder encontrar tudo nos supermercados, a população não abre mão do prazer de comprar frutas e verduras frescas e, muitas das vezes, negociar o preço.
 
D. Sinaide Oliveira (empresária), na barraca de Sr. Antônio Santos.
  


 Anita Cova(professora) e Tatiana Martins(empresária ), clientes do Denival.




Encontramos também a simpática D. Maria Antônia do Nascimento.

D. Maria mora no centro da cidade, tem dois filhos e se considera realizada com seu trabalho.
Na barraca dela podemos encontrar roupas de Caruaru, Turitama e Santa Cruz de Capibarí. D. Maria vai longe para poder atender sua clientela com preços mais em conta.


Os anseios destes perseverantes feirantes vai além da obtenção de lucros. Parte deles se sente realizada com o que consegue tirar no mês. Eles desejam melhor organização das barracas, mais segurança, pois, segundo D. Yeda Cova, a lona de sua barraca “já foi rasgada algumas vezes por estudantes noturnos”. 



Observações Nossas

Com relevância inquestionável, principalmente no Nordeste, a feira livre  é um complexo de relações sociais e econômicas geridas pela administração pública.

A busca pelo sustento faz com que o mercado informal cresça com muita  rapidez. O que demanda atenção especial da gestão pública, pois no afã de ganhar o seu pão, os feirantes podem expor seus produtos de qualquer maneira, inclusive no chão. E isto nos faz pensar em questões de infraestrutura e também de trânsito.

A feira é uma geradora de renda importante para a manutenção de diversas famílias, para o surgimento de novos comércios e para as relações sociais. Pois nela há um grande movimento de pessoas. Ela é importante até para a economia formal, pois seus feirantes também se tornam consumidores no mercado formal e vice-versa.

Entendemos que gerir o mercado informal não é tão simples quanto parece. Administrar um espaço público com uma grande quantidade de pessoas e diversas culturas é um desafio para qualquer gestor.

Durante a matéria pudemos perceber alguns problemas de estrutura e organização. Mas também vimos as potencialidades e características privilegiadas, tais como localização centralizada e de fácil acesso (inclusive por mar), produtos de qualidade, a grande maioria dos feirantes são taperoenses e a simpatia e transparência no relacionamento com os clientes.

Fica aqui a sugestão aos donos dos boxes e feirantes para se organizarem em uma associação e assim se identificarem como categoria que trabalhe unida por seus direitos e deveres.

Gostaríamos de conhecer os planos da gestão atual para este mercado. Mas vale observar que podemos nos tornar num ponto de conversão das ilhas circunvizinhas tanto para o setor formal quanto o informal. Ainda que de forma gradual. 
Há também a possibilidade de oferecer capacitação técnica para os feirantes já cadastrados, além de estimular o surgimento de novos, com produtos diversificados.


Alguns depoimentos


Nossos agradecimentos a todos os feirantes que contribuíram com esta reportagem.

Profª Bárbara Guedes

(Matéria pulicada no Jornal Palavra de Vida, em 02/06/2012)